quinta-feira, 23 de abril de 2009

A Escrita tem Dessas Coisas...


Escrever por hobbie tem uma vantagem, o dia que você não quer escrever você simplesmente não escreve. E quando escreve o faz sobre o nada, ou sobre os times do rio, que no fundo vai dar no mesmo.
Você ainda tem outras opções, escrever sobre quando não quer escrever, ou arriscar uma teoria sem fundamento nenhum e descobrir sem querer a formula da coca cola ou a cura do câncer.
Escrever tem dessas coisas.
Mas quando você é um escritor e ganha por isso, mesmo que seja pouco, mas ganha, você tem a obrigação e o compromisso de escrever, e de preferência que seja algo que agrade o teu chefe, ou ao menos que esteja em evidencia nos principais meios de comunicação.
Se você for um sujeito daqueles tipos, que adoram bajular e maravilhar o teu chefe é aconselhável que você assista muito a emissora do “plim plim”, leia as revistas “Veja” e escute todos os álbuns de Caetano Veloso; essas três qualidades juntas diminuem em 50% as possibilidades de você ser mandado embora por subversão, mas corre o risco de sofrer de falta de criatividade. Todavia se você vai para a redação de bermudas e chinelas e não esta nem ai para o que pensa o teu chefe, e muitas vezes, deixa cair cinzas de cigarro no chapéu Panamá dele, bem vindo ao clube meu amigo. Você faz parte da minoria pensante que não tem como pretensão apenas encher de lingüiça sua coluna semanal, e sim, transformar o teu leitor em um cidadão ativo na sociedade com valores e conceitos solidificados.
Tudo bem isso é exagero, mais quem é que se importa com isso?
Nós sabemos que nem sempre as teorias são aprovadas pela censura da edição, da impressão e da distribuição. E por isso os textos que chegam aos olhos do leitor são em sua maioria assuntos sobre animais, analogias presidenciais e crises financeiras, quando na verdade o leitor só quer ler sobre esportes ou novelas.
Esses assuntos fúteis e irrelevantes, que não são do seu interesse, deixam o estimado leitor estagnado, sufocado. Ele sequer entende bulhufas, de crise do imobiliário, de bolsa de Frankfurt ou Nasdaq, não entende nada de tudo o que está escrito, e fica feliz por não ter estudado Economia, e gasto todas elas no barzinho da faculdade.
O que ele quer mesmo é saber quem é o artilheiro do Campeonato Paulista, ou então quem é o verdadeiro pai, da menina da roça da novela das 6. O que importa se o deputado viajou com a passagem do outro, ou se foi a sua tia, prima ou a sua sogra? Como bom companheiro que é o leitor, ele só deseja que ela tenha ido para o inferno, e que se não for pedir muito que a sua cerveja esteja gelada e a mulher não esteja naqueles dias vermelhos.
A escrita tem dessas coisas...
Do escritor, pensar que se pode jogar goela abaixo do leitor, todas as frivolidades que passam pela sua cabeça, como se fosse uma sopa de letrinhas, cujo caldo tem um sabor azedo e amargo. Não é a toa que a grande utilidade do jornal seja para que o pintor não derrame tinta no piso da sala, e melhor nem dizer qual o outro lugar que se é de costume usa-lo, em respeito aos senhores e as senhoritas.
Se os Sumerios, quando inventaram a escrita soubessem quanta bobagem seria dito pela sua invenção, aposto que teriam inventado a lâmpada ou o acendedor de fogão elétrico.
E hoje estaríamos mais arvores no planeta e estaríamos livres dos livros de Paulo Coelho e das Bulas de Remédio e desse texto que não fala sobre nada.

2 comentários:

Unknown disse...

Nao pucho saco para patrao nao..
Mas costumo puchar saco para os seus textos..
sempre trazendo o leitor para dentro do texto

salve Febbem

Parabens

Anônimo disse...

Eu gosto de ler bula de remédio, apesar da não entender patavinas!

Adoro teus textos.