segunda-feira, 27 de abril de 2009

Travessuras da Menina Má (Mário Vargas Llosa)


AS AVENTURAS DA MENINA MÁ
MARIO VARGAS LLOSA.
Romance - 302 PÁG.
ED. ALFAGUARA
PRESENTE KARLA
NOTA 06/07

Não é preciso conhecer toda a historia de Llosa, para perceber uma leve autobiografia como pano de fundo nesta arrebatadora historia de amor, que foge ao estereotipado mamão com açúcar das novelas mexicanas.
Menina Má (302 pág. – 2006) é um romance cheio de vivacidade, de amor, ódio e poesia, em que a narrativa nos leva a uma belíssima viagem européia.
O livro conta a historia de Ricardo Somocurcio, que em sua adolescência em Lima, se apaixona por Lily, uma garota chilena, cheia de encantos e intrigas, que mais tarde será conhecida como a menina má.
Ricardo se muda para Europa, onde consegue um emprego de tradutor e interprete, leva uma vida medíocre em que a sua maior conquista, e o simples fato de ele morar na cidade de Paris, o que sempre foi o maior sonho desde os tempos em que morava no Peru.
Em certa ocasião, Ricardo reencontra a Menina má, e se vê ainda apaixonado por aquela garota que a todos encantavam no bairro de Miraflores, agora com outro nome mais ainda com o mesmo encanto, Lily, se tornou uma revolucionaria cujas idéias são muito questionáveis, devido a covardia de Ricardo ela se muda para Cuba, e deixa o próprio Ricardo meses, em uma espera angustiante.
Em um novo reencontro, a menina má já volta casada, e esquecida dos ideais revolucionários, com um ar predominante sobre o amor de Ricardo, o qual ela menospreza, sem deixar de aproveitar os prazeres que este lhe oferece. Sempre ciente das pretensões da perversa menina, Ricardo passa com o tempo a aceitar a situação de sempre ser trocado pelo poder e dinheiro alheio, a historia toma esse enredo, em que a menina ma sempre aparece em sua vida em intervalos entre um amante e outro. E quanto mais poder a menina adquire, mais ela deteriora o próprio corpo e a sua moral.
A obra tem como ponto alto as transformações sociais européias, entre as cidades de Paris, Londres e Madrid; são retratadas as idéias políticas e revolucionarias da época, assim como a guerrilha que se assenta sobre a América desta época, especificamente no Peru, que sofre um retrocesso devido à ditadura militar.
Llosa, afirma que o livro é meio vivencia e meio imaginação e traça um paradoxo em que de um lado: odiamos a menina de idéias próprias e hábitos não ortodoxos, que possui uma ousadia infame, justificada pela pobreza dos tempos de infância, que emerge das castas miseráveis da capital peruana e contra todos os preceitos e paradigmas de uma sociedade capitalista; faz das suas artimanhas, a forma de ter uma vida decente; do outro lado amamos o bom menino, um sujeito opaco e covarde, que se submeteu a uma vida medíocre, para simplesmente morar em um grande centro cultural, que vive sem ambições e tem um emprego que não lhe proporciona grandes méritos, cujo grande desejo oculto é a vontade de escrever.
Um livro para ser lido pagina por pagina, sem a ansiedade sussurra ao ouvido de que forma se acabara o romance que perdura por mais de 40 anos.

Boa Leitura.

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