quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Em breve...

...Comprou a passagem com o trajeto mais longe que havia, e passou a noite no ônibus percorrendo estradas desertas sobre a chuva. No dia seguinte fez o mesmo e assim, depois de dias inteiros em trens, caminhadas e ônibus da meia noite chegou a um lugar onde as ruas não tinham nome e as casas não tinham numero e onde nada e ninguém lembravam dele. ... Teve cem profissões e nenhum amigo. Fez dinheiro que logo gastou. Leu livros que falavam de um mundo no qual não acreditava mais. Começou a escrever cartas que nunca soube como terminar. Viveu contra a lembrança e o remorso



O Prisioneiro do Céu (C. R. Zafon)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O Azarão (Markus Zusak)

A Menina que Roubava Livros” e “Eu sou o Mensageiro” são livros agradáveis, de narrativa leve e historias que buscam a comoção para o bem, em que os personagens normalmente se superam entre o caos do dia a dia. Ambos escritos por Marcus Zusak. O também autor de O Azarão, primeiro livro da trilogia dos Irmãos Wolfe. O livro tem como personagem principal Cameron Wolfe, um pervertido que vive aos braços das travessuras e tentativas infrutíferas de atrocidades e que só traz desgosto e problema aos pais. Cameron age impulsivamente e estimulado pelo irmão Ruben, que apesar de mais velho e incorrigível tal qual o caçula, ambos são os mais novos de uma família que luta pela sobrevivência e vê a cada noite o mesmo alimento no prato - Cogumelos. O livro se baseia no pensamento de Cameron em que este analisa as duas únicas possibilidades de sua “infeliz vida” ou se torna um perfeito delinqüente ou luta contra tudo e todos para se tornar alguém digno de respeito, e conseguir apenas ser amado por uma garota que seja realmente verdadeira, que não saia em pensamentos das paginas de uma revista pornográfica. Narrado pelo próprio Cameron, que sempre que pode conversa com o leitor, o livro tem inserções em forma de poesia dos sonhos de Cameron. Diga se de passagem que o livro é voltado para o publico Juvenil, mas acredito que o “tapa na cara” serve melhor para adultos que já passaram dessa fase da metamorfose e transformação que todo adolescente passa ante a fase adulta e que nunca se sabe o que se como; onde e quando vai ser! Qualquer aspecto da vida. É inconsistente alegar se o livro é bom ou ruim, antes de sair à continuidade da obra em que se espera o desvencilhar das tormentas dos personagens. O que fica evidente é a singela forma em que Zusak nos apresenta uma história sem muito conteúdo ou grandiosidade, mas que o faz de forma majestosa que entre paginas e paginas cativa o leitor que nesse momento já não se exaspera por grandes novidades, o pecado talvez tenha sido pela brevidade da obra, livro e leitores mereciam mais algumas paginas sobre os Wolfes cujo cotidiano tão singelo e comum fez despertar tantas fantasias na cabeça do autor. Lançado pela Editora Bertrand com 15 anos de atraso; esta foi a primeira obra de Zusak, que começou a escrever prematuramente aos dezesseis, quando ainda era um garoto introvertido no colegial, como mesmo sugere as orelhas do livro; que também citam a possibilidade de Cameron ser um alter ego do autor; adquirindo assim, ainda mais torcida para o incorrigível adolescente que ganha simpatia a cada round que se vê lutando ou apenas derrotado.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O Mundo Segundo Garp (John Irving)

O telefone toca em uma manha cinzenta às 09 horas, a primeira coisa que você imagina ouvir é um sonoro e autentico “bom dia”, ao invés disso; sente despejado em você, palavras que não fazem muito sentido. “Fala para mim que você não tem cachorro”? O teu cérebro demora cerca de 5 a 10 segundo para tentar identificar a voz em desespero do outro lado da linha. E a única coisa que te tranqüiliza a principio é o fato de realmente você não ter um cachorro. A surpresa que passara do susto a empolgação agora te faz sorrir e ansiedade toma conta de todo o teu ser. Pois acaba de ganhar um presente de natal que chegara um pouco atrasado. Entre as grades do portão havia espaço suficiente e foi essa a idéia que passou pela sua mente. O livro ali foi jogado na esperança de que nenhum canino o fizesse de brinquedo para os dentes. Ao chegar em casa lá estava sobre o piso gelado o primeiro exemplar de John Irving. A capa de fundo vermelho traz um desenho de casa, dessas americanas, que se costumam desenhar no segundo ano do primário, em letras garrafais centralizado um pouco a direita o titulo leva o nome de “O Mundo Segundo Garp”. Mas o melhor ainda estava por vir, dentro daquela capa um infinito de interpretações sob a tão intrigante vida do escritor S.T. Garp; que desde o nascimento tivera sua vida especulada pela forma tão intrigante que veio ao mundo. Assim como o próprio titulo sugere, o livro tem como personagem principal Garp, que entre os anos conta sobre o que passa e os que passam ao seu redor, e nos proporciona a rotina e os devaneios de um escritor, e neste ponto me pergunto: O que só colaboraria para magnitude da obra. Vale lembrar que “O Mundo Segundo Garp” foi considerado um dos melhores romances americanos do século XX e teve sua versão cinematográfica em que foi estrelado no papel de Garp ninguém menos que Robin Williams. Os seus personagens são encantadores cheios de vida e de uma transparência elegante que trazem a tona assuntos de extrema polêmica tais quis sexo, machismo, homossexualismo e principalmente política, seja ela no âmbito governamental e/ou institucional. O livro surpreende pelo crescimento que possui conforme evolui a trama, como se o próprio autor fosse amadurecendo conforme fosse escrevendo. O próprio Garp que a principio passa a impressão de um tremendo fracasso, vai adquirindo tanta simpática que no final é visto como um verdadeiro herói, seja como pai, filho e ate mesmo escritor, mesmo que para isso o bandido seja um simples sapo. É o tipo de livro para ser visto com um pé atrás, com um olhar clinico, ou ate mesmo uma lupa, para entender que o romance não trata apenas de um escritor que apresenta em cena as boas qualidades do seu alter ego (seja isso verdade ou não). O livro trata do medo que temos de perder nossos filhos, do medo que temos de enfrentar uma sociedade machista e do medo que temos de sermos sinceros com nós mesmo. É um livro acima de tudo bonito e poético, mesmo não contendo rimas e estrofes. É um livro muito alem do conto Grillpazer. “Nós inventamos o que amamos e o que tememos”