sexta-feira, 27 de março de 2015

O fim da felicidade com o advento da internet.


Eu até concordo que depois do surgimento do câncer, da bomba atômica e da novela das oito nunca mais fomos felizes como éramos na época dos Dinossauros, mas nos dias atuais chegou a um ponto extremo, e cá entre nós, tudo tem um limite, se não tem, ao menos deveria ter. E olha que eu nem estou falando do PT ou do Big Brother Brasil.
Desde que começaram a digitar repetidamente as letras W, em sequencia de três, a coisa começou a ficar feia, mas a felicidade começou a dar os últimos suspiros mesmo, foi quando alguém teve a “brilhante” ideia de colocar uma máquina fotográfica dentro do celular, se já não bastasse a impertinência de sermos localizados a qualquer lugar em qualquer hora do dia não importando o lado da fronteira, agora ainda tiram foto da nossa presença lá.


Desde então o que sem tem é uma profusão de imagens, das quais não se sabe o porquê de tanto alarido ou na linguagem atual de tantos “curtir”. Afinal de contas quando foi que a imagem de um Petit Gateau fotografado de um iPhone 6s plus ou de um smartphone qualquer teve maior visualização que os Jardins de Monet? Sempre, lógico. Pois no século XIX não existia facebook ou watsapp. Mas já existia a sífilis para o azar de Manet.
Para piorar, outra pessoa que certamente não tem mais o que fazer com a quantidade de dígitos na conta corrente, não contente, com essa obra que certamente não é divina, foi lá e criou o aplicativo de interação entre smartphone e as redes sociais, esse foi o tiro de misericórdia que fez com que felicidade deixasse de ser um sentimento para ser uma palavra dos livros de história e de autoajuda.
O passado deixou de pertencer ao passado e o presente que já era uma dádiva, agora também se tornou visível para todos. As piadas deixaram de ser engraçadas, as bobagens se tornaram virais e o privado se torno público, a uma velocidade condizente com a conexão do seu wi-fi ou a do seu vizinho.
Antes o que era um furo de reportagem agora passou a ser um emoticon de uma simpática velinha de cabelos acinzentados, olhos castanhos e batom cor-de-rosa-choque por já ter sido

publicado há longínquos cinco ou dez minutos.

Não se pode ser feliz, sabendo a todo instante que os políticos desviam milhões para suas contas ocultas na suíça, que presenteiam os seus sobrinhos com cargos em órgãos públicos e que votaram contra o décimo terceiro salário, e o pior e que nem se pode mais esquecer
o nome dos corruptos, já que há todo momento alguém insiste em postar algo do pobre coitado.
Nos anos 80 alguém proferiu:
“ – Antes eu fosse burro, assim não sofreria tanto”.
Isso nunca foi tão verdadeiro, A felicidade se transferiu do tato para a visão, ganhou em beleza o que perdeu em essência. Não se pode retroceder, o progresso costuma cobrar caro por suas vantagens.

Vivemos uma transição de ideologias, tentamos entender o pensar das novas gerações o que em alguns casos para o bem em outros nem tanto. Em uma época em que tudo é tão vazio e superficial as imagens com suas utópicas legendas de viver bem tentam suprir o que não conseguimos mais transpor, transpirar e sentir. Afinal de contas uma imagem só é importante para aqueles quem vivem de aparências.

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