Eu até concordo que depois do
surgimento do câncer, da bomba atômica e da novela das oito nunca mais fomos
felizes como éramos na época dos Dinossauros, mas nos dias atuais chegou a um
ponto extremo, e cá entre nós, tudo tem um limite, se não tem, ao menos deveria
ter. E olha que eu nem estou falando do PT ou do Big Brother Brasil.
Desde que começaram a digitar
repetidamente as letras W, em sequencia de três, a coisa começou a ficar feia,
mas a felicidade começou a dar os últimos suspiros mesmo, foi quando alguém teve
a “brilhante” ideia de colocar uma máquina fotográfica dentro do celular, se já
não bastasse a impertinência de sermos localizados a qualquer lugar em qualquer
hora do dia não importando o lado da fronteira, agora ainda tiram foto da nossa
presença lá.
Para piorar, outra pessoa que
certamente não tem mais o que fazer com a quantidade de dígitos na conta
corrente, não contente, com essa obra que certamente não é divina, foi lá e
criou o aplicativo de interação entre smartphone e as redes sociais, esse foi o
tiro de misericórdia que fez com que felicidade deixasse de ser um sentimento
para ser uma palavra dos livros de história e de autoajuda.
O passado deixou de pertencer ao
passado e o presente que já era uma dádiva, agora também se tornou visível para
todos. As piadas deixaram de ser engraçadas, as bobagens se tornaram virais e o
privado se torno público, a uma velocidade condizente com a conexão do seu
wi-fi ou a do seu vizinho.
Antes o que era um furo de reportagem agora
passou a ser um emoticon de uma simpática velinha de cabelos acinzentados,
olhos castanhos e batom cor-de-rosa-choque por já ter sido
Não se pode ser feliz, sabendo a todo
instante que os políticos desviam milhões para suas contas ocultas na suíça,
que presenteiam os seus sobrinhos com cargos em órgãos públicos e que votaram
contra o décimo terceiro salário, e o pior e que nem se pode mais esquecer
Nos anos 80 alguém proferiu:
“
– Antes eu fosse burro, assim não sofreria tanto”.
Isso nunca foi tão verdadeiro, A
felicidade se transferiu do tato para a visão, ganhou em beleza o que perdeu em
essência. Não se pode retroceder, o progresso costuma cobrar caro por suas
vantagens.
Vivemos uma transição de ideologias,
tentamos entender o pensar das novas gerações o que em alguns casos para o bem
em outros nem tanto. Em uma época em que tudo é tão vazio e superficial as
imagens com suas utópicas legendas de viver bem tentam suprir o que não
conseguimos mais transpor, transpirar e sentir. Afinal de contas uma imagem só
é importante para aqueles quem vivem de aparências.
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