quarta-feira, 25 de junho de 2008

TRANSPASSE

Junto ao sofá em descanso (DESCASO)
Surpreso de uma nova era
Aguardasse sem demora a velhice

Pasmo sobre o cotidiano
E como quem não espera
Pontadas agudas me aturdisse

Mesmo que todo o meu corpo
Fosse tomado pela dor
E retorcendo ao leito caísse.

Que meus lábios petrificados
Tornasse a cor púrpura
E palavras não mais proferisse.

Se meus olhos fechasse
Em meio à escuridão eterna
A luz não mais visse.

Em gavetas cinzo metálicas
Paralelo ao horizonte
O sono me atraísse.

Se congelando sobre o frio
O meu corpo não estremecesse
E a natureza trai-se

Que no sepulcro aberto
De braços dados a terra
Sobre mim flores permitisse.

E privado de qualquer unção
Você sobre meus pés mentisse
Chorando em vão lagrimas de tolice

Servindo de alimento vil
Enrijecido permanecesse
Até que um dia sumisse

Ainda assim faria de você
Minha mais bela arma em riste
Pois de tudo que se foi
O meu amor por ti ainda resiste

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