sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Ensaio sobre a Cegueira (Blindness)

FERNANDO MEIRELLES
DRAMA
120 min.
BRASIL, CANADÁ, JAPÃO - 2008
Roteiro: Don McKellar, baseado em livro de José Saramago Elenco: Julianne Moore, Danny Glover, Alice Braga, Mark Ruffalo,Gael Garcia Bernal, Don Mkellar, Maury Chaykin, Martha Burns.


Você já chegou a uma padaria, e ficou em duvida se comprava uma Carolina, ou comia um pão com mortadela?
Pois então, algo parecido acontece, às vezes, na hora de comentar e/ou indicar um filme. A duvida se você não o compreendeu corretamente, ou se ele era simplesmente ruim.
E nos deparamos com duas alternativas:
1 - O fato de sermos preguiçosos, e não darmos a mínima para prós e contras.
2 – O diretor conduziu a trama para que ela despertasse duvida no expectador.
Apesar de ser fato consumado termos preguiça de pensar, acredito que a segunda opção seja a mais plausível, o que explica a diversidade dos comentários pela critica, inclusive de pessoas conceituadas, com coesão e armamento específico para sustentar as suas teses.
Isso é o que as difere de mim; claro isso e a conta bancária delas.
O filme em questão é Ensaio Sobre a Cegueira, adaptação de do livro (que por sinal é magnífico) de mesmo nome.
Eu particularmente gosto dos filmes de Fernando Meirelles, Cidade de Deus me fez ter uma nova visão do potencial do cinema nacional, e consagrou Meirelles para o mundo; mas algo entre a literatura e a sétima arte ficou a dever neste filme, e não pela capacidade de Meirelles, ela é incontestável, mas talvez o problema seja o próprio cinema. É possível contar nos dedos as adaptações de livros que se tornaram celebres nas telas do cinema, no momento eu sequer me lembro de uma.
Em contra ponto, o filme é cheio de simbolismo, e dotado de uma critica, a qual muitos só hão de perceber ao tomar o café as 05 da manha do dia após o filme.
A sétima arte nos priva e atrofia a nossa imaginação, mas isso não quer dizer que o cinema não tenha o seu próprio charme e sua função social. Se não fossem os enlatados, repletos de besteirol americano, poderíamos educar as crianças com filmes como: Diários de Motocicleta, A Menina de Ouro e Monstros C.A. (o meu preferido).
Mas deixando os vencedores do Oscar, de lado e partindo para a trama de Meirelles, o que temos?
Uma cidade (cujo autor faz questão de não mencionar) tomada por uma epidemia, a cegueira branca, muito bem apresentada na fotografia de César Charlone, que a propósito nunca nos desaponta.
Após serem confinados em um manicômio, eles passam pelas piores situações que um ser humano pode viver; fome, selvageria sexual e abuso de poder. Entre os próprios internos, cria se um conflito e posteriormente uma guerra que culmina na morte de vários internados, de ambos os lados.
A Magia da apresentação de personagens sem nomes, foi perdida no cinema, pela observação visual, mais ainda sim fica notável a intenção do diretor, em representar a calamidade iminente de uma sociedade que esta cada vez mais egoísta e anti-social.
Um filme para a minoria pensante, que espera muito mais de um filme do que bombas, efeitos especiais e seios super siliconados.
Se bom ou ruim, modesto ou ousado não importa. O que importa é a capacidade do ser humano, de sobreviver as mais diversas situações, e mais ainda.
Há esperança!

Assista.

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