ebrios

AGARRADA AOS MEUS BRAÇOS,
POIS SE A CAMINHAR
OS OLHOS EM TI CRAVADOS
O CORAÇÃO A PULSAR
AS MÃOS TREMULAS
AS PERNAS CAMBALEANDO
A PRAÇA INUNDADA
OS PÁSSAROS CANTANDO
SOBRE AS FOLHAS SECAS
DE OUTONO A VEGETAÇÃO
O CENÁRIO ERA PERFEITO
AO FUNDO UM VIOLÃO
SUA GARGALHADA, UM SORRISO
A CADA INSTANTE MAIS BELA
A PRAÇA SE TORNOU PARAÍSO
VOCÊ A BELA, EU A FERA
VAGÁVAMOS LEVES
SEDENTOS PELA TENTAÇÃO
DOMINADOS PELO PERIGO
SUBMISSOS POR OPÇÃO
NOSSOS OLHOS AFLITOS
JÁ SEM COORDENAÇÃO
CADA PASSO DADO
OS PÉS FLUTUANDO DO CHÃO
OS CORPOS LADO A LADO
O SOLO SE TORNOU ALGODÃO
AS MENTES ÉBRIAS
EXALAVAM O DESEJO
ENFRAQUECIDAS
AO DESPERTAR DE UM BEIJO
A NOITE NOS ENVOLVEU
E VOCÊ SE ENTREGOU
REPLETA DE PRAZER
SEM RESISTÊNCIA, SEM PUDOR
NO MEIO DE TANTA GENTE
ÉRAMOS SOMENTE DOIS
OFEGANTES E PERVERTIDOS
SEM IMPORTAR COM O DEPOIS
A INTIMIDADE IMENSURÁVEL
DE DURAÇÃO GIGANTESCA
A BRISA QUE CANTAVA
VOLÚPIA EM NOSSA CABEÇA
DOS LONGOS DIÁLOGOS
DE VOZES CALADAS
OS BREVES SUSSURROS
AS PERNAS ENTRELAÇADAS