MALANDRO DA NOVE (CIDADÃO BRASIL)

ENGANOU SE
QUEM PENSOU QUE MORREU
O NOIVO DAS RUAS
O PRÍNCIPE PLEBEU
O MALANDRO AINDA EXISTE!
BALANÇA A FOLHA
DE ESPREITA, ESPERA
PONDERA, INSISTE
DE BONDE DESCE A RUA
COM A GÍRIA CANTADA
ARRASTA OS PÉ
COM CHINELAS DE ALÇA
PRONUNCIO A PALAVRA “MANO”
QUANDO E PARA DIZER AMIGO
TEM NA CINTURA A SOLUÇÃO
E UMA CICATRIZ NO UMBIGO
SAINDO DE QUEBRA
FINO NO TRATO
O NEGOCIO É FEITO
DE GARGANTA O CONTRATO
A PELE DE COR PARDA
QUE NUNCA TEM VEZ
ENTRE O BRANCO DA GLORIA
E A NEGRA DO XADREZ
SUA POESIA É SUJA
QUE CITA BECOS E VALAS
NA MARCHA DO CARNAVAL
SAI NO CHÃO – ABRE-ALAS
DE CANTO TRISTE E REAL
SOMBRIO E ASSUSTADOR
ÀS VEZES RELATA O MAL
POR VEZES FALA DE AMOR
NA INFÂNCIA UMA LIÇÃO
DE COMPASSO MARCADO
AO TOQUE DAS SIRENES
SAI CORRENDO, MEIO DE LADO (DISFARÇADO)
O VERDADEIRO ENREDO
DE RITMO CADENCIADO
O MAESTRO DA VIDA
O HERÓI APRISIONADO
SEU BARRACO, UM CASTELO
QUE GOTEJA NO TELHADO
MOFA O PISO DE CIMENTO
O MUNDO DE REINO ENCANTADO
SOBRE A MESA ESTIRA A NEVE
DOCE AMARGO DELÍRIO
QUE ENTOPE SUAS NARINAS
SEM NOÇÃO DE PERIGO
UM BELO COPO
UM DOCE TRAGO
NO BOLSO
UM FINO BOLADO
DAS FOLHAS DO JARDIM
OS OLHOS AVERMELHADOS
DE CARA SIMPLES
ROUPA LEVE
GANHOU A FAMA
SORRISO VAZADO
E NA CARISMA
LEVOU PRA A CAMA
É TUDO NOSSO
JÁ TA GUARDADO
CAMISETA LISTRADA
DE SUSTENTO VIL
CORINTHIANS NO PEITO
CIDADÃO BRASIL