sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A LINGUA E O ESPELHO


15/11/06


É muito comum na adolescência e até mesmo na juventude (para os mais atrasados) treinar o beijo com o espelho e a laranja, nada de mal até então, se não fosse o fato de você passar o resto da vida sem saber o que fazer com a língua.
Os que sofrem desse mal (sem a maldade da palavra) tendem a crer que a língua é um órgão que só deve ser usada em duas ocasiões:
Na infância, depois de ouvir uma bela bronca da própria mãe e quando adulto para aquele seu vizinho argentino que insiste em comemorar os gols, próximo à janela da tua sala de estar, com aquela camisa verde e branca.
Se assim fosse, você estaria privado da grande maravilha do mundo, o sabor! Mal sabe você que dentre as melhores funções da língua, mostrá-la ao inimigo é a menor delas, usá-la para tirar a casca de feijão que fica entre a bochecha e a gengiva não se enquadra em boa função.
Enfim, depois de muito treino com a laranja e com o espelho, você se inicia ativamente na vida dos beijos, a principio quer mostrar o que aprendeu para a menina mais bonita da escola, aquela branquinha de cabelos negros, escorridos abaixo do ombro e com o olhar vivo de uma princesa mestiça; sem sucesso, com o passar dos dias você já aceita praticar com a filha do seu futuro vizinho argentino, que diga lá, não é grande coisa. Hola! Que tal!
E você passa o resto da vida, se limitando a beijos labiais, por vezes tentando usar a língua como nos filmes nacionais, acaba introduzindo de forma que não agrada a sua companheira, ela, rindo pergunta sem o mínimo de delicadeza:
- O que você esta tentando fazer?!?
E volta você aos simples beijos, mexe os lábios ate dar câimbra, ora com extrema sensibilidade, perfeição e simetria, ora em uma luta acirrada de marfins, enquanto roça os seus lábios com os dela,a pensa o que faria com a língua da Paloma Duarte.
Sua língua, ousada passa a percorrer caminhos antes nunca visto, e eis ai o grande risco, agora “todo cuidado é pouco” pois se cometer o mesmo erro novamente, de roçar os dentes em partes delicadas, a briga será precedida não de um riso insosso, mas sim de pontapés, e nomes que eu só atreveria a dirigir ao o meu vizinho, argentino, de camisa verde e branca.
É Aconselhável, que você perca o controle dos ímpetos, assim conseguirá despertar a magia daqueles beijos selados por apaixonados, que esquecem dos lábios, da língua e ate mesmo dos dentes, e se beijam por inteiro, por inteiro mas somente na boca, porque por inteiro, inteiro mesmo eu só ouso beijar a Paloma Duarte e você que se vire com a filha do teu vizinho argentino de camisa verde e branca.

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